FORMA: AGREGAÇÃO [IMANÊNCIA], ORDENAÇÃO E EVOLUÇÃO

Dando continuidade à nossa reflexão acerca do mistério da Forma, trazemos um texto de autoria do mestre Rubens Saraceni, contido em sua obra Livro das Energias e da Criação (Madras).

Em nossos estudos, percebemos que a Forma é, em todos os seus aspectos, uma designação maior da nossa Origem Divina – ou seja, de Deus – para que possamos evoluir. Então, temos um axioma que nos diz haver, neste caso, uma necessidade pensada e imediatamente executada pelo pensamento mais perfeito que há, ou seja, aquele que advém de Deus.

Vejamos:

As dimensões paralelas à dimensão humana são muitas, e todas estão dentro de um único grau magnético da escala divina. Se são paralelas à dimensão humana, é porque adotamos a Terra como o “centro” do universo físico. Se alguém souber onde fica o centro do universo e como chegar até ele, não faça segredo disso, pois desejamos conhecê-lo!

Afinal, para nós, o centro do universo está em Deus. E se Deus está em nós e no nosso planeta, e Ele está, então, para nós, aqui é o centro do “nosso” universo e nosso ponto de referência para conhecê-Lo e explicá-Lo a partir de nossa capacidade intelectual “humana”.

Então, vamos nos aprofundar no mistério da gênese, que criou o nosso universo físico e suas muitas dimensões da vida, todas paralelas umas com as outras, e todas infinitas em si, pois ninguém conseguiu achar o começo ou o fim delas ou dos seus níveis vibratórios, infinitos em si mesmos.

Sabemos que uma das causas de dúvidas na religiosidade das pessoas são as gêneses “humanas” da criação divina. Elas são limitadíssimas e muito direcionadas para as coisas humanas. Logo, não retratam a origem das coisas senão a partir de fatos míticos, espantosos, imaginários ou sobrenaturais.

Mas nós sabemos que a criação divina é simples porque Deus Se repete e Se multiplica o tempo todo.

Afinal, a origem de uma pedra é a mesma de uma pedreira. A de um monte é a mesma de uma montanha. A de uma árvore é a mesma de uma floresta. A de uma molécula de água é a mesma de um oceano, etc.

Sim, porque o mesmo “magnetismo” que ligou o hidrogênio e o oxigênio, dando origem a uma molécula de água, é o responsável pela união de muitas delas, que deram origem aos oceanos.

O mesmo magnetismo atua tanto no micro quanto no macro, e tanto deu origem a uma molécula de água quanto a um oceano.

A esse magnetismo damos o nome de imanência divina ou “fator agregador”.

Deus tem duas formas. Uma é interna e geradora e a outra é externa e imanente.

Na Sua imanência Ele está em tudo o que existe, pois se um átomo é minúsculo, no entanto, é a imanência divina que chamamos de “fator” agregador que o faz ser como é e o mantém em equilíbrio, que só é rompido pela ação de uma força externa superior à sua.

A mesma imanência divina, que dá forma e estabilidade a um átomo, dá forma e estabilidade ao nosso sistema solar, a uma constelação, galáxia, etc.

Essa imanência agrega, dá forma e estabiliza todas as coisas, porque ela é agregadora. É encontrada em nós, na própria forma do nosso corpo carnal ou espiritual. Mas, em um nível imaterial, nós a encontramos nas ideias, pois uma ideia só está completa se todos os seus componentes forem se agregando e formando-a.

A imanência agrega sílabas dispersas e dá forma a um termo, a uma palavra ou a uma ideia, que são coisas imateriais e pertencem ao campo do pensamento. E este tem no fator agregador a imanência que dá forma às coisas, define-as e permite-nos ter uma ideia definitiva de alguma coisa.

A imanência está em tudo. E, de agregação em agregação, Deus criou tudo o que existe.

Então, temos na imanência divina um fator agregador ou um “fator de Deus”.

Como dissemos linhas atrás, a imanência agregadora é um fator divino que atua na agregação de partes, que por si sós já são definidas, mas que se forem reunidas darão origem a outra coisa, então vemos que na natureza há um fator divino que dá forma a tudo o que existe.

A Imanência agregadora atua sobre tudo e sobre todos o tempo todo e durante todo o tempo porque é um fator divino que visa a agregar os “afins” e não permite a agregação dos não afins.

Mas em todas as coisas a agregação não ocorre por acaso ou aleatoriamente. E se não ocorre é porque um outro fator divino, que chamamos de “fator ordenador”, atua como ordenador das agregações.

Se assim é, concluímos que junto com a imanência agregadora flui o fator ordenador, que não permite que átomos se liguem indistintamente.

O fator ordenador atua no sentido de só permitir que aconteçam as ligações preestabelecidas como úteis, equilibradas e aceitas como parte de um todo maior, que, no nosso caso, é nosso planeta.

Tudo o que se formar fora de uma ordem preestabelecida é caótico, inútil, nocivo e desequilibrador, tanto no micro quanto no macro. Então, já temos dois fatores de Deus ou fatores divinos: a agregação e a ordenação. São fatores que estão na origem das coisas e das espécies.

A imanência agregadora sustenta as ligações dos agregados e o fator ordenador regula o que está sendo formado, para que não gere coisas caóticas ou espécies deformadas, que seriam inúteis à criação divina, à manutenção da vida e à estabilidade da natureza.

Deus é imanentemente agregador e ordenador!

Mas, para que a mesma imanência que formou os átomos de hidrogênio e de oxigênio seja ativada para que se agreguem “ordenadamente” e deem origem à substância água, existe um outro fator divino. que chamamos de fator evolutivo ou transmutador. Ele atua no sentido de criar as condições ideais para que duas coisas diferentes, mas afins, se liguem e deem origem a uma outra coisa, já composta e útil à vida.

O fator evolutivo permite a passagem de um estado para outro. Ele é sinônimo de crescimento, pois permite que coisas menores se liguem e deem origem a uma maior. Então, átomos afins passam a formar moléculas, que passam a formar substâncias, que são muito maiores e até visíveis, pois os átomos não eram!

Então, temos isto: a imanência permite as ligações, a ordenação estabelece a forma como devem acontecer e a evolução direciona as ligações para que continuem acontecendo já em outras condições (estados) e passem a formar novas coisas.

O fator agregador liga.

O fator ordenador regula.

O fator evolutivo cria as condições para que as coisas passem de um estado para outro, no qual novas coisas se formam.

Agregação, ordenação e evolução!

Eis aí como a gênese acontece, porque são fatores divinos atuando nela e em tudo o que cria (idealiza) e gera (concebe).

Na agregação os afins se ligam.

Na ordenação, as ligações só acontecem se forem equilibradas e atenderem a uma ordem preestabelecida. Na evolução são criadas as condições para que novas ligações imanentes ocorram e novas coisas surjam ordenadamente.

A teoria evolucionista diz que as coisas surgiram a partir da agregação de átomos que deram origem às moléculas, que deram origem às substâncias. Mas não diz que uma imanência divina preexistente foi estabelecendo as ligações; que um fator ordenador foi descartando as ligações caóticas; e que o fator evolutivo foi criando as condições para que ocorressem novas ligações e surgissem novas “coisas”.

Sabemos que esses três fatores que citamos são partes da gênese divina ou gênese das coisas, e que há muitos outros fatores tão atuantes quanto fundamentais […]  (SARACENI, Rubens; 2012, P.  51-54)

Após a leitura destes ensinamentos, não muito nos resta a acrescentar, afinal, o que aqui foi descrito é bem didático e nos traz uma ótima compreensão de como parte da gênese das coisas ocorre. Mas cabe a nós ressaltar que, neste texto, o autor nos mostra o quão são fundamentais, neste processo imanente, três sentidos da Vida (manifestados na Umbanda como três de suas linhas de trabalho): O Amor (imanente e agregador), a Lei (ordenadora) e a Evolução (transmutadora).

O Amor de nossa Mãe Oxum e de nosso Pai Oxumaré, a Lei de nosso Pai Ogum e de nossa Mãe Iansã e a Evolução de nosso Pai Obaluayê e de nossa Mãe Nanã Buruquê. Então, busquemos a reflexão e tomemos o Conhecimento (de nosso Pai Oxóssi e de nossa Mãe Obá), de forma agregadora (por intermédio de nossa Mãe Oxum do Conhecimento), trazendo-nos, cada vez mais, a imanência do saber para o nosso espírito.

Encontramos neste texto, alguns esclarecimentos acerca do divino mistério das Formas na Criação de Deus.

 

Um saravá fraterno!

André Cozta

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

(SARACENI, Rubens; 2012 – Livro das Energias e da Criação [Inspirado por Pai Benedito de Aruanda] Madras)

 

 

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