A Umbanda no Seu Meio Ambiente

Meu Saravá fraterno a todos os irmãos e irmãs umbandistas!                          

O  ambiente mais íntimo e mais próximo da sua essência é o seu quarto. É este o local onde você fica mais à vontade, despindo-se de todos os medos e pudores que o acometem no dia a dia. Mas sua intimidade vai estendendo-se, aos poucos. Ela passa pela sua casa, em seguida por sua rua, bairro, cidade…

Nossas formas de pensar e agir têm, todas, sem exceção, origem na nossa intimidade. E se somos o que somos, tudo se origina no nosso  “útero diário”, de onde saímos quando acordamos  e voltamos ao fim do dia para dormir.

O que cremos, queremos e pensamos quando estamos a sós, em nossos quartos, é, invariavelmente, o que demonstramos no mundo exterior, mesmo que com algumas capas ou máscaras. Por que a essência das nossas ideias e atitudes sempre estarão  “carimbadas” em nossos olhos.

Introduzo o pensamento desta forma com o intuito de iniciar uma reflexão acerca do trato que todos nós, umbandistas, temos para com a Natureza Mãe. A Umbanda é, inegavelmente, uma religião que cultua Deus a partir da Natureza e das Divindades manifestadoras dos Divinos Poderes que Nela estão: os Sagrados Orixás.

Por que, caso alguém ainda não tenha percebido, todos os Poderes de Deus estão à nossa disposição na Natureza. Basta  observarmos  o uso de elementos naturais no ritual de Umbanda, além do hábito de ofertar  em sítios naturais, numa ritualística popularmente conhecida como “Oferenda”. E é justamente na prática desta ritualística que temos visto grandes contradições no meio umbandista.

Se, cultuamos Deus e os Orixás Sagrados a partir da Natureza Mãe, precisamos ter sempre todo um cuidado quando Nela adentrarmos para a realização dos nossos trabalhos. Não somos donos da Natureza, apenas seus beneficiários. Ela está sim à nossa disposição, por que, assim foi colocada por Deus.  Mas, estar à disposição não significa que devamos fazer o que bem entendemos, sujando-a, não cuidando do ambiente e não recolhendo o material usado ao final.

Agora, volto à intimidade do seu quarto e pergunto: você age assim na sua casa, no seu ambiente mais íntimo?

Adentrar  um sítio natural para a realização de um trabalho ou de uma oferenda deve sempre ser um ato de muito respeito para com o ambiente. Respeito este que se traduz como “eu respeito a Umbanda, os guias espirituais, os Sagrados Orixás, a Mãe Natureza e a Deus”.

Agindo assim, teremos os seres naturais guardiões daquele ambiente, assim como as divindades que o guardam e regem, retribuindo este respeito a nós, ou seja, “respeitemos e seremos respeitados”. Esta é uma regra básica da vida. Ponha-se a pensar e, se por um acaso, precisar, mude sua atitude no trato para com o meio ambiente e sua relação com os elementos naturais na sua prática religiosa.

Porém, o meio ambiente não deve ser respeitado somente quando adentramos um sítio natural para algum trabalho ou oferenda, mas, também, quando a ele vamos com outras intenções. Então, se você vai à praia, por exemplo, irmão(a) umbandista, não deixe de saudar a Divina Iemanjá.

Além dos sítios naturais, independente da intenção, o meio ambiente acompanha o praticante de Umbanda o tempo todo. E isto se torna óbvio quando conseguimos visualizar à nossa volta toda a energia que nos acompanha, protege, ampara  e sustenta. Veja: você tem os seus Orixás (divindades naturais), seres naturais (oriundos da Natureza Mãe) que o acompanham, protegem e guiam, guias espirituais religados à estas hierarquias naturais (ou seja, sob as irradiações dos Orixás Divinos e da Mãe Natureza). Então, você carrega uma parte da natureza consigo. E se costumamos  afirmar que temos Deus em nós, eis a comprovação.

Carregando a natureza  em si, desta forma, deve ter a consciência de que também é um guardião dela. Espantou-se? Não é para tanto! Pare, respire fundo e pense: Deus nos incumbiu de algumas tarefas, muitas das quais nem temos noção, por estarmos ainda, infelizmente, com nossos olhos voltados para o reino das ilusões que nos engana aqui no plano material.

Mas, agora, já visualizando o que propus e com muito discernimento, você já consegue entender:  somos parte da Natureza. Então, matá-la, como tem sido feito por nós ao longo dos tempos, é um suicídio individual e coletivo também.

Você pode argumentar que nunca destruiu um pedaço sequer da Natureza. E eu acredito. Mas, por outro lado, como você lida com o lixo produzido na sua casa? Saiba que o lixo acumulado de forma irresponsável também desequilibra o meio ambiente. E  desequilibrá-lo lá fora, tenha certeza, refletirá naturalmente no seu ambiente mais íntimo.

Haverá um tempo em que seu quarto será inabitável. Por que todo o plano material da vida humana assim será. Toda a semente plantada um dia é colhida. E o ser humano tem plantado, em nome da ganância e do egoísmo, ao longo dos tempos, esta semente daninha e suicida.

Portanto, reflita muito sobre isso, irmão(a) umbandista, pois, nossa religião que é linda, exuberante, só é assim por que reflete o que lhe anima, que é o culto à Natureza, a mais bela representação Divina. E, assim sendo, devemos fazer do todo à nossa volta, desde o nosso “cantinho” mais íntimo, o nosso meio ambiente, o nosso pedaço da Natureza. E  assim, do interior para o exterior, começaremos a limpar o nosso mundo.

A Umbanda é o seu meio ambiente. Pratique-a de dentro para fora.

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