Meu Saravá fraterno a todos os irmãos e irmãs umbandistas!
Muito se discute no meio umbandista acerca de fundamentos, afinal, cada casa segue uma tradição específica, muitas vezes passada de pais ou mães a filhos(as) no santo, como é de praxe definirmos. Ainda que nos seja comum o panteão de divindades (Orixás) cultuados e a trama de guias espirituais que se manifestam nos terreiros, cada sacerdote ou sacerdotisa entende e pratica tais fundamentos de forma muito particular.
Este processo é natural e, há muito, bem aceito em nosso meio religioso. Entendemos que um guia espiritual chefe de um templo umbandista atua dentro das necessidades da sua casa (o que inclui as necessidades da trama de guias espirituais do(a) dirigente, dos médiuns e dos guias desses médiuns). Mas, muito ainda se fala acerca da manifestação da Umbanda como religião natural, elemental, onde seus adeptos servem-se das essências divinas contidas nesses elementos e que vibram no padrão energético da matéria.
Este é um aspecto importante que precisamos absorver em nossos íntimos, para que possamos compreender o trabalho elemental dentro da Umbanda que, com certeza, passa longe de fetichismo ou de qualquer outra definição calcada, muitas vezes, em preconceitos dos mais variados.
Algumas pessoas dizem que o espírito humano não necessita dos elementos, que tudo pode ser transmutado mentalmente, que tudo advém da mente e que a Criação de Deus é mental. Pois saibam, estas pessoas estão corretíssimas! Tais definições, até onde param, definem exatamente como entendemos, dentro das nossas limitações, tudo o que advém da nossa Origem Divina..
Só que, quando dizemos que a Criação de Deus é mental, muitas vezes, não nos apercebemos que os elementos também são resultado desta irradiação mental (ou destas irradiações mentais) e que, assim como tudo o que se materializou, passou por vários estágios, desde o mais sutil até o nosso padrão vibratório denso na matéria.
Então, nós, seres humanos espirituais hoje encarnados, na Origem somos sutis, assim como a rosa branca, a árvore e tudo o que é divino e manifesta vida. E, assim sendo, podemos começar a perceber que as irradiações mentais advindas da nossa Origem (Deus) dão vida e forma a tudo o que se manifesta e que, nos elementos, assim como em nossa mente, encontramos a força necessária para prosseguirmos cumprindo nossas tarefas evolutivas como servidores de Deus.
Afinal, nós, umbandistas, nos vemos e nos colocamos assim, como servidores da Criação de Deus… ou não nos colocamos? Fica este questionamento para a nossa reflexão.
Retornando ao nosso ponto central: mesmo assim, no que se refere ao caráter elemental da Umbanda, há quem possa insistir na tese mentalista e dizer que os elementos trazem dependência. Também vou concordar, porém, num aspecto específico: qualquer tipo de dependência é prejudicial à saúde mental, espiritual, energética e até física do ser humano.
A dependência é uma estrada que leva ao vício. E, como já disse, há alguns séculos, o filósofo Aristóteles: o vício é oposto à virtude; e o vício pode ser gerado pelo excesso ou pela privação.
Mas, se eu disse que concordo em apenas um aspecto, assim o fiz, porque vejo na dependência algo muito prejudicial. O ser dependente perde aquilo que o espírito humano tem de mais valioso: a liberdade.
Vamos, então, ampliar o nosso raio de visão: o ser que depende de uma vela branca para qualquer coisa que necessite fazer, já se tornou dependente e perdeu-se do verdadeiro sentido e da função divina que a chama daquela vela pode cumprir em sua vida, na limpeza dos seus campos energéticos e vibratórios. Este ser humano em nada difere daquele que depende de um cigarro. de uma bebida alcoólica, da vitória de um time de futebol e, até mesmo, de uma religião. Afinal, reiteremos, uma religião deve trazer independência ao espírito e não o oposto disso.
A dependência tolhe a liberdade fazendo com que, rapidamente, o espírito se perca na caminhada. Mas, se iniciamos falando em Umbanda Natural, no uso ritualístico dos elementos, passando em seguida para dependência mental, vícios… onde pretendemos chegar?
Chegamos à conclusão deste artigo dizendo que a Umbanda é uma religião natural, elemental e que tem em seus fundamentos a utilização dos elementos para absorção das essências divinas e, também, no sagrado fundamento divino do verbo, manifestado a partir das palavras dos guias espirituais que trazem os ensinamentos necessários para que as pessoas possam utilizar-se dessas benesses divinas como auxiliares da sua caminhada evolutiva, em equilíbrio e com estabilidade.
A partir deste raciocínio, torna-se dependente quem não conseguir compreender esta fundamentação.
Fiquemos na paz de Olorum!